Editorial
 

 
   

Fruto da parceria entre a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG-UL), bem como dos centros de investigação associados a estas instituições, entre os quais se conta o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC), o Doutoramento Interdisciplinar em Economia Política iniciou a sua primeira edição no ano letivo de 2019/2020.

O programa pretendeu, desde o início, preencher uma lacuna no nosso país, proporcionando uma oportunidade para desenvolver formação avançada na investigação dos sistemas capitalistas contemporâneos. Sustenta-se na hipótese de que as economias capitalistas contemporâneas são sistemas socioeconómicos e de poder, diversificados ao longo e em cada momento da sua história, e em constante transformação dos seus quadros institucionais, nas diferentes escalas. Em linha com várias tendências internacionais nas ciências sociais, o programa tem fomentado o estudo crítico e plural da economia política e das suas formas dominantes, das múltiplas teorias e métodos que a tecem enquanto área disciplinar

Quando o ano letivo se iniciou, em setembro de 2019, estávamos longe de imaginar que uma crise de saúde pública sem precedentes, com tantas decorrências socioeconómicas de política económica e de economia política, iria interromper bruscamente as atividades letivas presenciais. Este foi não só um momento disruptivo da vida universitária, foi também um momento brutalmente revelador da natureza sempre política, logo contestada, dos arranjos institucionais que subjazem à economia substantiva. Se ainda é muito cedo para dizer o que vai mudar e o que vai ficar, podemos já confirmar que programas de estudos nesta área ganharam uma renovada acuidade.

O que o leitor tem à sua frente, no ecrã do computador e eventualmente no papel, corresponde à tradição de economia política em formação, no duplo sentido desta palavra, particularmente apto no nosso país: os doze artigos, em toda a sua diversidade teórico-metodológica e de objetos de investigação, refletem a investigação de doutorandos num tempo exigente. O desafio, a que muitos responderam, foi o de submeterem para publicação um trabalho feito numa das seis unidades curriculares do Programa, sendo essa publicação sujeita a um processo de revisão pelos pares, tendo os estudantes tido a oportunidade de melhorar o artigo, respondendo aos comentários recebidos. Todos o fizeram de forma empenhada. Optámos por ordenar os artigos por ordem alfabética dos seus autores, procurando assim cruzamentos inesperados e eventualmente frutíferos entre as distintas temáticas abordadas. A economia política é um cabo dos trabalhos.  

Ana Costa, Francisco Louçã e João Rodrigues
Coordenadores de Economia Política – Doutoramento Interdisciplinar