Editorial
 

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Neste número da revista Cabo dos Trabalhos reúne-se uma seleção de ensaios produzidos por estudantes do Programa de Doutoramento em Sociologia: Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo ao longo do ano letivo 2014-15 (coincidindo com a 4ª edição deste programa doutoral).

Nos seus conteúdos, os ensaios vão ao encontro de alguns dos múltiplos temas e problemáticas que vêm sendo objeto de debate neste Programa de Doutoramento. Além disso, reforçam a faceta internacional do programa, não só porque reúnem contributos de estudantes de distintas nacionalidades, como porque tais ensaios se debruçam sobre temas e problemáticas que têm por referência diferentes contextos e enquadramentos geográficos, sociais, políticos, culturais e económicos. Assim sendo, os ensaios apresentados neste número de Cabo dos Trabalhos versam sobre assuntos como a precarização do trabalho qualificado, o precariado, a literacia no mundo do trabalho, os significados do bem-viver no quadro da gestão do tempo, a análise de dispositivos legais de combate à precariedade laboral ou os dilemas do sindicalismo em contexto de crise.

Do ponto de vista da sua organização formal, os ensaios desta revista dispõem-se pela seguinte ordem e com o seguinte conteúdo:

O ensaio de Alberto Nguluveincide sobre os processos de precarização a que estão sujeitos os docentes do ensino superior (sobretudo privado) em Angola, confrontados que estão com profusão de lógicas estatais de promoção do conhecimento científico que, não raras vezes, se confundem com os ritmos do mercado e do lucro.

Por sua vez, Bia Carneiro empreende uma discussão teórica a respeito do significado e relevância do conceito de precariado para uma análise de classes, tendo em conta os olhares cruzados de defensores e de críticos do conceito.

O terceiro ensaio, da autoria de Paulo Vargues, começa por discutir a relevância teórica da noção de literacia no contexto da globalização para, posteriormente, elencar alguns contributos da literacia e do capital humano no quadro de uma era pós-fordista.

Sendo que o tempo é um bem precioso para todos nós, o contributo de René Ramírez Gallegos vai precisamente ao encontro dos significados económicos, filosóficos, políticos e sociais do “bem viver”. Tendo como de partida o contexto equatoriano, mas refletindo muito para além dele, o autor identifica um conjunto de indicadores de bem viver e fá-lo no quadro de uma análise metodológica inovadora.

Em quinto lugar, o ensaio de Sandra Graça procede a uma análise sociojurídica informada e comentada daquele que será porventura um dos principais instrumentos normativos de combate aos “falsos recibos verdes”, a lei 63/2013. De igual modo, a autora não deixa de discutir a amplitude e o âmbito da aplicação da referida lei.

Por fim, o contributo de Saulo Aristides interroga-se sobre onde reside a força política e representativa do movimento sindical diante de cenários desfavoráveis políticos e económicos e tendo em consideração as realidades do Brasil e de Portugal.

Por fim, mas não menos importante, importa ainda dizer que neste número da revista, além dos ensaios, disponibiliza-se também ao leitor uma entrevista conduzida por estudantes de doutoramento – membros do Grupo de Estudos Relações de Trabalho e Sociedade (RETS) – ao professor Arnaldo Mazzei Nogueira, Professor Livre Docente da USP e Professor Titular da FEA-PUCSP.

novembro de 2015
Hermes Augusto Costa
Elísio Estanque